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Tropical Conservation Science
August 2009 | Vol. 2 | Issue 3 | pages 266-373


Destino das sementes dispersadas por micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) em um fragmento de Mata Atlântica, Brasil. | pages 266-281
Marina Janzantti Lapenta and Paula Procópio-de-Oliveira
Os animais que se alimentam de frutos podem ser importantes dispersores de sementes, influenciando a distribuição das plantas jovens e adultas nas florestas. No entanto, uma grande parte das sementes dispersadas é morta por predadores que se alimentam das sementes. A maioria das sementes depositada por primatas nas florestas é morta por predadores de sementes ou movida para outros locais por dispersores secundários (besouros, formigas e outros animais), mas pouco se sabe sobre o destino das sementes após a dispersão. Os micos-leões-dourados são pequenos primatas que só ocorrem na Mata Atlântica, e se alimentam de frutos, dispersando as sementes. A principal ameaça a espécie é o desmatamento e a fragmentação das florestas. Esta pesquisa é a primeira a considerar a sobrevivência e estabelecimento das sementes defecadas pelos micos, estudando a importância deles como dispersores de sementes. Dois grupos de micos-leões-dourados foram estudados na Reserva Biológica União-Brasil de abril de 2003 a março de 2004. Sementes dos frutos consumidos pelos micos e sementes que apareceram nas suas fezes foram acompanhadas quanto à germinação, desaparecimento ou dispersão secundária por outros animais, predação, mortalidade ou sobrevivência, e estabelecimento das plantas. Durante o estudo os grupos de micos consumiram 88 espécies de frutos e 38 espécies foram utilizadas nos experimentos. Mais de 50% das sementes desapareceu durante o estudo, e cerca de 15% morreu antes de germinar. Sementes de 22 espécies sobreviveram e se tornaram plantas jovens ao longo do estudo, mas no final do trabalho, somente 15 dessas espécies ainda sobreviviam. Estudos sobre o destino das sementes são importantes para a conservação dos micos-leões-dourados e seu habitat, a Mata Atlântica de baixada costeira do estado do Rio de Janeiro, um dos mais ameaçados ecossistemas do mundo.

Diversidade de espécies de minhocas e características do solo em Thua Thien Hue, Vietnã Central | pages 282-298
Lara Zirbes, Caroline Collin, Joseph Dufey, Pham Khanh Tu, Nguyen Duyet, Fréderic Francis, Philippe Lebailly, Eric Haubruge, et Yves Brostaux.
O Vietnã Central é uma região menos favorecida e desenvolvida do que por exemplo o Delta Mekong. Dificuldades para desenvolver a agricultura em áreas costeiras são associadas ao clima hostil (seca, cheia) e a falta de um solo arenoso fértil. A fertilidade dos solos pedendem da quantidade e qualidade de matéria orgância tranformada por alguns organismos do solo. A população de invertebrados do solo, incluindo minhocas, têm um papel importante na transformação dessas matérias. Através das suas atividades minhocas são legítimas atuantes e bio-indicadoras de fertilidade dos solos. Espécies de minhocas encontrados em uma área dependem das características do solo e condições climáticas. Os solos de Thua Thien Hue no Vietnã Central são muito arenosos e representam um habitat especial para animais habitantes do solo como minhocas representam cerca de 70%. Este estudo identifica a relação entre as características do solo e as minhocas. Uma identificação de minhocas foi previamente realizada e sete espécies pertencentes a três diferentes famílias foram identificadas. Uma dessas famílias estava presente independentemente do solo e constituiu a principal família em solos ácidos com elevada taxa de silte e argila. As outras famílias estavam associadas com solos arenosos pobres mas menos ácidos. Esse estudo mostra também que a presença de uma espécie de minhoca foi associada com solos com cultura. Algumas minhocas são mais abundantes em pomares assim como outras estão mais presentes em solos com outra cultura além do arroz, como mandioca, batata doce... Algumasminhocas estão presentes somente em uma área, por exemplo em alqueives, e são particularmente relacionadas as características do solo. Estudos de diverdidade mostram que outras culturas além do arroz apresentam a maior diversidade de minhocas enquanto a terra alqueivada nõa apresenta diversidade nenhuma. Este estudo pode ser considerado como um inventário da situação real dos solos de Thua Thien Hue e o primeiro passo para experimentos futuros sobre a ausência defertilidade do solo.

Atitudes e conhecimento de agricultores de café de sombra em relação aos vertebrados e suas funções ecológicas | pages 299-318
Paulina López-del-Toro, Ellen Andresen, Laura Barraza and Alejandro Estrada
Conservação ambiental depende, em um elevado grau, de aceitação pública. O entendimento da opinião das pessoas sobre o ecossistema e a vida silvestre pode ser muito útil no momento de conceber programas que objetivam beneficiar tanto o ambiente como a sociedade. Nesse estudo nós entrevistamos agricultores de café orgânico de sombra em Cuetzalan, México, com o objetivo de entender como os agricultores percebem os animais silvestres que vivem nos campos de café, assim como os seus conhecimentos em relação à importância que esses animais podem ter para o bem estar do ambiente. Em geral, nós encontramos que aves são percebidas como animais úteis e agradáveis, enquanto cobras são consideradas perigosas mas úteis. Por outro lado, morcegos são considerados sem utilidade e até mesmo danosos, enquanto mamíferos não voadores são precebidos com indiferença. Quando perguntados sobre os papéis que esses animais têm, agricultores dizem que aves são importantes porque movem sementes e no caso dos beija-flores também polinizam flores. Quanto às cobras, agricultores mencionam sua importância no controle de roedores pragas. No entanto, poucos agricultores sabem que os morcegos e mamíferos não voadores também têm papéis importantes que ajudam na manutenção da saúde do ecossistema. Nós encontrams que os agricultores que tinham participado dos workshops de educação ambiental tinham melhores atitudes e conhecimento do que os agricultores que não tinham participado. Entretanto, nós não pudemos estabelecer que a educação ambiental foi a causa desse padrão. Nós sugerimos que os programas de educação ambiental devem incluir informações específicas da importância da vida silvestre para o ambiente.

Modelagem da distribuição de espécies nos trópicos: problemas, potencialidades, e o papel dos dados biológicos para a conservação efetiva das espécies. | pages 319-352
L. Cayuela, D. J. Golicher, A. C. Newton, M. Kolb, F. S. de Alburquerque, E. J. M. M. Arets, J. R. M. Alkemade, and A. M. Pérez
Para conservar a biodiversidade mundial nós precisamos saber onde as espécies são encontradas. Nós também precisamos prever onde elas poderão ser encontradas se o clima mudar ou se as atividades humanas alterarem os habitats. Um meio de adquirir esse conhecimento é através de estudos de campo. Esse trabalho em campo produz listas de espécies e acréscimos às coleções de museu. Entretanto muitas áreas tropicais ainda não foram visitadas por cientistas. Mesmo os estudos mais detalhados das áreas mais conhecidas nos trópicos estão longe de serem exaustivos. Isso significa que mapas de distribuição acurada não estão disponíveis para muitas espécies tropicais. Para acessar o problema crescente modelos de computadores sofisticados foram concebidos com o objetivo de prever onde as espécies devem ocorrer baseado em conhecimento atual. Esses modelos podem muitas vezes acrescentar um grande valor à limitada informação disponível. Entretanto, modelos são somente tão bons quanto os dados nos quais foram construidos. Esse estudo olha atentamente as tentativas recentes de aplicar a modelagem de distribuição de espécies para guiar a conservação nos trópicos. Uma revisão da literatura sugere que os modelos construidos para as espécies mais ameaçadas aindasão susceptíveis de serem menos confiáveis. Nós encontramos que a produção dos modelos de distribuição de espécies tem sido raramente usados na definição das prioridades de conservação. A dificuldade se deve à carência crônica de quantidde e qualidade dos dados usados para construir modelos. Embora tenha havido muitas melhorias nos algorítimos usados para a modelagem, esses avanços não podem ser esperados para endereçar a fraqueza subjacente do dado. Nosso trabalho aponta a necessidade de continuar a trabalhar na melhoria do quadro para a partilha de dados ainda escassos sobre a biodiversidade tropical. Nós também sugerimos que uma abordagem mais sistemática para a geração de dados futuros é necessária para preencher as lacunas chave na base de conhecimento usada para a conservação tropical.

Desajuste do esforço de investigação e ameaça na biologia da conservação ornitológica | pages 353-362
Daniel Brito and Monik Oprea
Apesar da diversidade de espécies extremamente elevada e endemismo das florestas tropicais existentes, 16 milhões de ha são perdidos anualmente, um processo sem precedentes na história evolutiva. De acordo com a BirdLife International globalmente, uma em oitos espécies de aves pode se tornar extinta ao longo dos próximos 100 anos, com 99% das extinções resultando de atividades humanas como o desmatamento e a caça. O estudo de Brito e Oprea, baseado em uma revisão da literatura científica disponível (2000-2006), considera o declínio aviário e extinções como uma preocupação mundial e argumenta que o Neártico e Paleártico são os domínios biogeográficos que recebem mais atenção dos ornitólogos conservacionistas, enquanto a Neotropical, Afrotropical, e Indomalaia são regiões com elevada diversidade de espécies de aves. Eles ainda salientam que a maioria das pesquisas sobre conservação de aves é conduzida por pesquisadores norte-americanos e do oeste da Europa e que há uma necessidde urgente para capacitar nações tropicais em desenvolvimento. Os autores advertem que a ciência da conservação de aves está empregando mal seu foco em regiões de baixa-biodiversidade em geral e em espécies não ameaçadas para algumas categorias, e que se essa tedência não mudar a persistência mundial de muitas espécies de aves pode ser seriamente comprometida.

Protegida no papel, caçada nas zonas úmidas: exploração e comércio de tartarugas de água doce (Melanochelys trijuga coronata e Lissemys punctata punctata) em Punnamada, Kerala, India | pages 363-373
K. Krishnakumar, Rajeev Raghavan and Benno Pereira
Tartarugas de casco mole estão entre os grupos mais ameaçados de animais de água doce que requerem atenção conservacionista imediata. Em Kerala (Sul da India), duas espécies de tartarugas de água doce, a tartaruga preta indiana ou a tartaruga do charco indiana, e a tartaruga de carapaça de aba indiana são exploradas do Lago Vembanad e zonas úmidas associadas em Punnamada para suprir a demanda dos restaurantes locais e lojas de abate. Oitocentos e quarenta e três indivíduos pertencentes a duas espécies (499 tartaruga do charco e 344 tartarugas de carapaça de aba) foram observadas durante uma pesquisa de campo conduzida em 2007 em Punnamada. Tartarugas na região de estudo são capturadas principalmente por pescadores locais, que as pegam na baixa do Lago Vembanad – uma zona úmida de importância internacional e arrozais adjacentes usando uma variedade de equipamentos incluindo redes de cercamento, redes de brânquias, e redes de mão assim como anzol e linha. Essas são depois vendidas aos principais revendedores de tartarugas, que as detém por uma semana em anéis de ferro e cimento, e posteriormente lhes fornece para lojas abate e restaurantes na área transportando-as em sacos de juta. A população local acredita que o consumo de carne de tartaruga era eficiente no controle de artrites e curar vários distúrbios ano-retais, e por isso proporcionam a base de consumo mais necessária. Apesar de estar listada no mais elevado nível de proteção da vida silvestre Indiana, muito pouco da lei é aplicada e tartarugas são exploradas e comercializadas regularmente na região. Coleta e comércio também se tornaram um importante componente da subsistência local em Punnamada, com o envolvimento de cerca de cinco coletores em tempo integral e 25 coletores parciais. Há, portanto, uma necessidade urgente para o início de programas de sensibilização de pescadores locais, coletores de tartarugas, e proprietários de restaurantes para sensibilizá-los na legislação pertinente à vida silvestre assim como nos impactos biológicos e sócio-econômicos da exploração e comércio de tartarugas.


Tradução de Marina Janzantti Lapenta


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   Tropical Conservation Science is an open-access e-journal that publishes research relating to conservation of tropical forests and other tropical ecosystems.

Volume 2: Issue 2
Table of Contents

Articles
Estrada & Butler
Lapenta & Procópio-de-Oliveira
Zirbes et al
López-del-Toro et al
Cayuela et al
Brito & Oprea
Krishnakumar et al


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